Vênus



Tenho sono, não durmo
Inspiração, não escrevo
Insegurança, não cuido

Vinde a mim a calmaria
Sossegue todo meu ser
Um nirvana!
Quem diria?
Ficar junto de você

Amo-te muito simplesmente
Intriga-me não entender:
Por que entregastes se me teve?

Um pouco de cordel

A insônia

A Insônia que incomoda
é a noite mal dormida
é olhar para o teto escuro
e ter na cama uma inimiga.

É pensar no amanhã
é lembrar-se do que foi ontem
é sentir pela manhã
que o sono ficou longe.

Ela vem e domina
faz de tudo para eu esquecer
tudo aquilo que me nina
para não me ver adormecer.

É querer ir para a tevê
é ter que rolar na cama
é a duvida em saber,
Ela odeia ou me ama?

Zero Hora


Até zero hora
tenho que reunir,
como num quebra cabeça,
os pedaços deste ano
assim como os meus,
que por ele fui deixando.

Até zero hora
tenho que saber dos que amo
perto de mim,
para compensar a falta que me fizeram
nas entrelinhas do ano velho.

Até zero hora
tenho que me preparar,
com a concentração de um atleta,
para o grande salto.

Mônica de Catella.Transanças / Ano Novo, pág.: 23

Os porquês

Não sei porque.
Fico sempre confuso.
E deles, o mais incômodo de todos.
Por que você foi embora?


 

Com isso eu nao contava

O Google Feeds diz que, vinte dias depois da última publicação, (ou seja; vinte dias sem nada de novo) este blog vem recebendo o DOBRO das visitas diárias que registrava em seu tempo de alta atividade, tempo esse em que eu ralava aprendendo a lidar com essa danada ferramenta de comunicação.

Não sei o que e nem porque, mas algum significado isso tem.

Mas como na vida às vezes tem que ser esquecido para ser lembrado, talvez seja isso.

O fato é que esse blog ainda não foi encerrado, o tempo que ficara sem atualização não passou de um mero blackout tecnológico, tipo; sem internet mesmo.

Por isso dedico essa final de noite a escrever esse post, e dizer a todos vocês: fiquem à-vontade, sejam bem vindos!
Dirvirtam-se.

Refazer

Na vida não existe delete
no máximo um refazer


Natal


Peregrinos de shopping centers
Ignoram o saldo bancário
Todos juntos sorridentes
Festejam o crediário
São as trocas de presentes

O melhor amigo do homem

O cão?
O gato?
O celular?

Prefácio

A criança lê distraída no quintal
Pés descalços na areia
Jabuticaba, pé de manga
Abacate, goiaba e laranjeira
Um livro a ler, uma história a escrever

No final: delete

Eu conectei
Tu adicionaste
Ele teclou
Nós comentamos
Vós compartilhastes 
Eles cancelaram

Se Raul twitasse


“Mas é que se agora
Pra fazer sucesso/ Pra vender disco
De protesto/ Todo mundo tem...”

Que twittar...

O semáforo

O
O semáforo
O semáforo piscou
O semáforo piscou luz
O semáforo piscou luz amarela
O semáforo piscou luz amarela, depois
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha, depois
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha, depois, verde
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha, depois
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha
O semáforo piscou luz amarela, depois
O semáforo piscou luz amarela,
O semáforo piscou luz
O semáforo piscou
O semáforo
O












Imagem: sinal-verde http://goo.gl/Mz1aN

Os causos do “Taíde”:Azemar Lopes: O Dentista




“Seja alegre, procurando fazer todo o bem que puder nos dias que permanecer na face da terra”.
Nossos antepassados não mediam esforços em atender as comunidades, pois naquele tempo éramos desprovidos de tudo devido à falta de estradas, saneamento básico energia e etc., obrigando o nosso povo a enfrentar tudo talvez até na raça, arriscando até serem chamados de charlatões, que na verdade eram verdadeiros autodidatas. E falando em profissionais práticos, nos lembramos de Azemar Lopes dos Santos, casado com Dona Helena de Totônio, grande altruísta, simpático, inteligente, colaborador sobre tudo dos mais pobres.
Gostava por demais de uma cachacinha mais quando solicitado saia as carreiras para atender qualquer chamado e até fingia sobriedade mediante tal pedido.
Praticou-se em extrações de dentes, próteses e até o routh que uma vez moldados e remetidos ao Rio de Janeiro voltavam brilhantes para enfeitar as bocas de nosso povo colunense.
O bom tiradentes estava sempre às ordens dos sofredores de uma das maiores dores.
Certa vez, o Onofre da Nely desatinado de tanta dor e apesar do medo de sentar-se em uma cadeira de dentista procurou o Azemar. Chegando, logo observou pela vermelhidão que o mesmo estava de fogo. Mas falou: Estou mal! Azemar estou quase morrendo de tanta dor de dente!
Sente-se aqui Onofre, vou lhe aplicar a melhor anestesia do mundo a novocaína e você nem sentirá seu molar sair.
Onofre sentou-se, um olho no estojo com a agulha e o outro no rosto vermelho de Azemar.
Abra a boca Onofre, mas o invés de anestesiar o nervo do dente anestesiou foi língua de Onofre. A língua foi crescendo, crescendo e o dentista resolveu ir a Jovita Preta beber mais uma enquanto a anestesia desse efeito.
Voltou, pegou o boticão, a língua já não cabia na boca.
Bateu no dente, dói Onofre? Dooooi.... Qui diacho, pegou outra novocaína anestesiou mais ainda a língua, bateu novamente, dói Onofre, doooooii! Vou arrancá-lo de qualquer jeito, levou o boticão, o Onofre puxava pra baixo, o boticão puxava pra cima, e foi aquele Deus nos acuda até que ele saiu com o dente no boticão e disse: “Eta biscoito duro sô! Tá qui Onofre”. Mas o paciente não pode escutar, pois desmaiara na cadeira e o bom dentista exclamou; “foi tamanho o alivio que o meu cliente até dormiu!”
Dona Helena disse: “ele esta é desmaiado Azemar, traga rápido um algodão embebido de amoníaco e saia daqui com este seu bafo de onça que derruba qualquer pessoa.


Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 09-Pág.:03-Coluna/MG-Outubro 2009

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Ciclo

O primeiro choro
O primeiro passo
O primeiro grito
A primeira palavra
A primeira professora
A primeira namorada
A primeira formatura
A primeira despedida
O primeiro emprego
O primeiro carro
A primeira aliança
O primeiro filho
O primeiro choro
O primeiro passo
A insistência da sucessão

Essência

Quem tu vês sorrindo
As vezes se lamenta
Nem sempre ri
Refugia
Chora
Tu
Não

Apagão

De repente apagão
Tão instantâneo quanto
tocar o interruptor

Ensaio

Ansiava compor um soneto.
Forma fixa, pequeno poema.
Duas quadras, dois tercetos
produzidos em determinado tema

Consultei os principais sonetistas.
Estudei com afinco, alexandrismo e clássico.
Por vez fiquei muito otimista
mesmo em infração ao verso decassilábico.

Engajei-me em tarefa difícil,
a expressão do sentimento lírico.
Mas há de valer todo sacrifício.

Tal impertinente fantasia
envolvida em ambiente quase místico
em busca da completa poesia.

numeropoesia

77 verbetes riscados, ignorados.
7 folhas amassadas, descartadas.
3 linhas publicadas.

Desperto do sono

Sonhei acordado
Descobri que não dormia
Desperto do sonho

Os causos do “Taíde”: Seu Zé Marques








Tive acesso há pouco às primeiras edições de “O Caminho”, periódico de publicação mensal em Coluna – MG, coordenado pela paróquia. O expediente é modesto, no entanto muito eficiente e conta o apoio do povo colunense, seja no envolvimento direto da publicação, na leitura ou na divulgação do material. Um desses colunenses é o Taíde, figura ilustre, popular e solidária, que vem contribuindo com bom humor e cultura com “Causos do Taíde”. Com espaço definitivo no jornal, ele conta histórias de pessoas e lugares daquela região. Publicarei a partir de agora aqui no blog  -imaginando a anuência do Taíde para tal -  os textos divulgados pelo Taíde, como uma forma de estender e contribuir com o resgate da história colunense.


Nos velhos tempos havia uma grande ilusão nos pequenos proprietários de terra; vender tudo mudar-se para cidade e colocar um comércio. Em Paulistas, seu Zé Marques vendeu tudo que tinha, mudou-se para Coluna e como não encontrou outra forma para sua sobrevivência, resolveu colocar uma venda de secos e molhados. Ali, seu Zé vendia de tudo um pouquinho. Como era de costume, todo vendeiro novo, os caloteiros eram os primeiros a chegar. “Seu Zé me vende um quilo de toucinho fiado?” “Pois não meu filho, a casa é nossa!” E assim sucessivamente.
Com o tempo, os “lapecussa” conseguiram levar o seu Zé quase à falência. Com mais de dois quilos de papéis de débitos, o seu Zé começou a tratar mal seus fregueses; chegava um e dizia: - Seu Zé o senhor tem rapadura? Tem NÃO!... Chegava outro, Seu Zé o senhor tem cachaça do seu Getúlio Gonçalves? Tem NÃO!... O senhor tem Martine? Tem NÃO!...E um freguês que vivia bebendo a sua “cãnjibrina”, disse: Seu Zé, o senhor está tratando muito mal a sua freguesia; se o senhor não tem rapadura ofereça açúcar, adoçante zero cal ou açugrim, se não tem a cachaça do seu Getúlio, ofereça o do Firmino de Abreu, se não tem martine, tem um outro vermuth o cinzano por exemplo!... Ah menino, sabe que “ocê” ta certo! E nisto foi chegando uma mocinha; seu Zé o senhor tem papel higiênico? Tem não minha filha, mas tem bombril, tem palha-de-aço, tem lixa grossa e tem jornal, que é só “ocê” “amassá” bem que limpa igual o sabugo de milho!A mocinha olhou no rosto enrugado do seu Zé e pensou consigo: Ah! Se não fosse as barbas brancas e os cabelos desse papa-mel, eu mandaria este filho de uma ronca-e-fuça enfiar estas barbas naquele lugar”


Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 01-Pág.:03-Coluna/MG-Fevereiro 2009

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A despedida


Ela não se despediu dele com o lenço em punho
ou acenando ao vê-lo partir a bordo do transatlântico.
Não sorriu depois do beijo que ele soprou em sua direção
na estação de trens.
Nem lacrimejou após a aeronave levantar vôo
na pista de decolagem.

Não ouve suspiro, nem grito dor.
O silêncio ocupou o ambiente.
Ela apenas fechou os olhos.
Assim se despediu dele para sempre.

Felicidade momentânea


Quantos poemas a compor,
festas para ir,
viagens a fazer,
bocas a beijar.

Quantas manhãs para dormir,
vinhos a beber,
músicas a dançar,
mulheres para despir.

Quantos livros a ler,
ruas para andar.

Quantas orações a fazer,
quadros a pintar.

Quantas chuvas de verão para te banhar.

Vá!
Arrebata-te!
Liberta-te!
Seja feliz!
Depois volte!

Magnetismo





Olhar firme, sorriso aberto
Pulsar forte, te sinto perto
Olhos negros, pela alva
Beijo molhado
Sinto sua alma

Máscara

Faça a barba
(Des) faça a face
Disfarce
Refaça

Enleio

Meu estro sofisma
De bissexto inflamação
Por minha essência dissipa
Preceitos da execução

Absorto ao âmago lexical
Granjeio a moldina literomaníca
Inveterado a natureza constitucional

Tributo, humor, enleio.

Volúpia

Deleite de amantes
Carinhos ardentes

Inicio

Beijo

Comovente desejo

Mãos, pernas, braços
Abraços

Cheiros
Gemidos

Entrego-me
Recebo-te

Anuência

Eu quero falar,

de flores
de amores
da vida
da ferida

da magia
da alegria
da dor
da cor

imaginar a fala
sair da sala
falar do belo
do elo

escrever o que sinto
dizer: eu minto

“Ó Pátria amada, idolatrada. Salve! Salve!”


A década de 1980 a “década perdida”, é uma referência à grande estagnação econômica que tomou conta dos bolsos de lares, empresas e indústrias tupiniquins, e porque não dizer e claro, os bolsos latinos.
Qualquer papo de boteco –fosse às esquinas de BH, orlas cariocas, pátios da USP, cozinhas de casas, quintais ou varandas, -na época concluiria fácil, fácil que não se poderia esperar muito para os anos noventa.
Mas ai vieram eleições diretas e abertas no Brasil, caras pintadas, tetra campeonato, plano real, e como não se bastasse o ano 2000 começou com fortes articulações que vieram culminar na eleição presidencial do torneiro mecânico mais político do país. Ou no político mais popular do planeta, de acordo com Obama.
Estamos a portas de findar a primeira década do século XXI. O que esperar da próxima década?
Será a hora “de essa gente bronzeada mostrar seu valor”?
Teremos copa, olimpíadas. O brasileiro está engordando e feliz. Minha cidade - Coluna 10 mil habitantes-, tem faculdades.
Será que o Brasil vai deixar de ser simplesmente o país que tem “o cara”, para ser o “o cara”, digo o país?
Estamos a caminho dos tempos de ouro, ou melhor, 3G, 4G, banda larga ou sei lá como poderá se definir aqueles que ocuparem o topo do chamado primeiro mundo.
Dá pra imaginar abrir os livros de geografia e constatar que o Brasil deixou de ser um país em desenvolvimento para ser uma terra de primeiro mundo?
“TERRA ADORADA, ENTRE OUTRAS MIL, ÉS TU, BRASIL, Ó PÁTRIA AMADA!”

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Comunhão

Falo, calo
sou mudo.

Ouço, esqueço
sou surdo.

Arrasto
não corro
sou manco.

Te vejo
não vejo.

Confundo,
seu mundo,
meu mundo.

Você e eu
muda e surdo.

Manhãs, tarde, noites e madrugadas

As manhãs são para despertar
As tardes são para correr da chuva ou para observar o por do sol.
As noites são para voltar para casa.
As madrugadas nem sempre são para dormir.

Verso Livre

Na hora do sim, o verso disse não
Fugiu. A página ficou no altar
Sozinha. Vestida de branco

Preâmbulo II













Meu livro é de poemas pobres
As vezes também não opulentos
Mas tem a fúria da arte devaneia

Erupção de vulcão que ainda dorme
Testemunho exato de trabalho erudito
Neologismo, neolatino, correm dentre veias

Tolice!
Não existe livro algum
Sim páginas dobradas
Na gaveta da escrivaninha.

Preâmbulo I


É impressionante o poder que a escrita tem de revelar aquilo que os olhos não viram e ouvido não escutou a boca dizer.
A partir de hoje vou usar esse espaço, para brincar um pouco de “brincar” com as palavras e expressões.
Esse projeto é antigo e começou com alguns rabiscos no final de um caderno velho.
Pegou poeira e amarelou debaixo do colchão ou na gaveta da escrivaninha por longo tempo.
Agora ele toma forma e cor nas vestes de poemas, reflexões e citações.
No entanto acredito que tudo não passa de um erro involuntário de grafia e porque não dizer articulação.

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Esse projeto é antigo e começou com alguns rabiscos no final de um caderno velho. Pegou poeira e amarelou debaixo do colchão ou na gaveta da escrivaninha por longo tempo. Agora ele toma forma e cor nas vestes de poemas, reflexões e citações. No entanto, acredito que tudo não passe de um erro involuntário de grafia e porque não dizer articulação.

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