Inspiração, não escrevo
Insegurança, não cuido
Vinde a mim a calmaria
Sossegue todo meu ser
Um nirvana!
Quem diria?
Ficar junto de você
Amo-te muito simplesmente
Intriga-me não entender:
Por que entregastes se me teve?
Até zero hora
tenho que reunir,
como num quebra cabeça,
os pedaços deste ano
assim como os meus,
que por ele fui deixando.
Até zero hora
tenho que saber dos que amo
perto de mim,
para compensar a falta que me fizeram
nas entrelinhas do ano velho.
Até zero hora
tenho que me preparar,
com a concentração de um atleta,
para o grande salto.
Mônica de Catella.Transanças / Ano Novo, pág.: 23
O primeiro choro
O primeiro passo
O primeiro grito
A primeira palavra
A primeira professora
A primeira namorada
A primeira formatura
A primeira despedida
O primeiro emprego
O primeiro carro
A primeira aliança
O primeiro filho
O primeiro choro
O primeiro passo
A insistência da sucessão
Quem tu vês sorrindo
Às vezes se lamenta
Nem sempre ri
Refugia
Chora
Tu
Não
Vê
77 verbetes riscados, ignorados.
7 folhas amassadas, descartadas.
3 linhas publicadas.
E um freguês que vivia bebendo a sua “cãnjibrina”, disse: Seu Zé, o senhor está tratando muito mal a sua freguesia; se o senhor não tem rapadura ofereça açúcar, adoçante zero cal ou açugrim, se não tem a cachaça do seu Getúlio, ofereça o do Firmino de Abreu, se não tem martine, tem um outro vermuth o cinzano por exemplo!... Ah menino, sabe que “ocê” ta certo! E nisto foi chegando uma mocinha; seu Zé o senhor tem papel higiênico? Tem não minha filha, mas tem bombril, tem palha-de-aço, tem lixa grossa e tem jornal, que é só “ocê” “amassá” bem que limpa igual o sabugo de milho!
A mocinha olhou no rosto enrugado do seu Zé e pensou consigo: Ah! Se não fosse as barbas brancas e os cabelos desse papa-mel, eu mandaria este filho de uma ronca-e-fuça enfiar estas barbas naquele lugar”Eu quero falar,
de flores
de amores
da vida
da ferida
da magia
da alegria
da dor
da cor
imaginar a fala
sair da sala
falar do belo
do elo
escrever o que sinto
dizer: eu minto