Prefácio

A criança lê distraída no quintal
Pés descalços na areia
Jabuticaba, pé de manga
Abacate, goiaba e laranjeira
Um livro a ler, uma história a escrever

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Se Raul twitasse


“Mas é que se agora
Pra fazer sucesso/ Pra vender disco
De protesto/ Todo mundo tem...”

Que twittar...

O semáforo

O
O semáforo
O semáforo piscou
O semáforo piscou luz
O semáforo piscou luz amarela
O semáforo piscou luz amarela, depois
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha, depois
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha, depois, verde
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha, depois
O semáforo piscou luz amarela, depois, vermelha
O semáforo piscou luz amarela, depois
O semáforo piscou luz amarela,
O semáforo piscou luz
O semáforo piscou
O semáforo
O















Os causos do “Taíde”:Azemar Lopes: O Dentista


“Seja alegre, procurando fazer todo o bem que puder nos dias que permanecer na face da terra”.
Nossos antepassados não mediam esforços em atender as comunidades, pois naquele tempo éramos desprovidos de tudo devido à falta de estradas, saneamento básico energia e etc., obrigando o nosso povo a enfrentar tudo talvez até na raça, arriscando até serem chamados de charlatões, que na verdade eram verdadeiros autodidatas. E falando em profissionais práticos, nos lembramos de Azemar Lopes dos Santos, casado com Dona Helena de Totônio, grande altruísta, simpático, inteligente, colaborador sobre tudo dos mais pobres.
Gostava por demais de uma cachacinha mais quando solicitado saia as carreiras para atender qualquer chamado e até fingia sobriedade mediante tal pedido.
Praticou-se em extrações de dentes, próteses e até o routh que uma vez moldados e remetidos ao Rio de Janeiro voltavam brilhantes para enfeitar as bocas de nosso povo colunense.
O bom tiradentes estava sempre às ordens dos sofredores de uma das maiores dores.
Certa vez, o Onofre da Nely desatinado de tanta dor e apesar do medo de sentar-se em uma cadeira de dentista procurou o Azemar. Chegando, logo observou pela vermelhidão que o mesmo estava de fogo. Mas falou: Estou mal! Azemar estou quase morrendo de tanta dor de dente!
Sente-se aqui Onofre, vou lhe aplicar a melhor anestesia do mundo a novocaína e você nem sentirá seu molar sair.
Onofre sentou-se, um olho no estojo com a agulha e o outro no rosto vermelho de Azemar.
Abra a boca Onofre, mas o invés de anestesiar o nervo do dente anestesiou foi língua de Onofre. A língua foi crescendo, crescendo e o dentista resolveu ir a Jovita Preta beber mais uma enquanto a anestesia desse efeito.
Voltou, pegou o boticão, a língua já não cabia na boca.
Bateu no dente, dói Onofre? Dooooi.... Qui diacho, pegou outra novocaína anestesiou mais ainda a língua, bateu novamente, dói Onofre, doooooii! Vou arrancá-lo de qualquer jeito, levou o boticão, o Onofre puxava pra baixo, o boticão puxava pra cima, e foi aquele Deus nos acuda até que ele saiu com o dente no boticão e disse: “Eta biscoito duro sô! Tá qui Onofre”. Mas o paciente não pode escutar, pois desmaiara na cadeira e o bom dentista exclamou; “foi tamanho o alivio que o meu cliente até dormiu!”
Dona Helena disse: “ele esta é desmaiado Azemar, traga rápido um algodão embebido de amoníaco e saia daqui com este seu bafo de onça que derruba qualquer pessoa.


Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 09-Pág.:03-Coluna/MG-Outubro 2009

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Ciclo

O primeiro choro
O primeiro passo
O primeiro grito
A primeira palavra
A primeira professora
A primeira namorada
A primeira formatura
A primeira despedida
O primeiro emprego
O primeiro carro
A primeira aliança
O primeiro filho
O primeiro choro
O primeiro passo
A insistência da sucessão

Essência

Quem tu vês sorrindo
As vezes se lamenta
Nem sempre ri
Refugia
Chora
Tu
Não

Apagão

De repente apagão
Tão instantâneo quanto
tocar o interruptor

Ensaio

Ansiava compor um soneto.
Forma fixa, pequeno poema.
Duas quadras, dois tercetos
produzidos em determinado tema

Consultei os principais sonetistas.
Estudei com afinco, alexandrismo e clássico.
Por vez fiquei muito otimista
mesmo em infração ao verso decassilábico.

Engajei-me em tarefa difícil,
a expressão do sentimento lírico.
Mas há de valer todo sacrifício.

Tal impertinente fantasia
envolvida em ambiente quase místico
em busca da completa poesia.

numeropoesia

77 verbetes riscados, ignorados.
7 folhas amassadas, descartadas.
3 linhas publicadas.

Desperto do sono

Sonhei acordado
Descobri que não dormia
Desperto do sonho

Os causos do “Taíde”: Seu Zé Marques


Tive acesso há pouco às primeiras edições de “O Caminho”, periódico de publicação mensal em Coluna – MG, coordenado pela paróquia. O expediente é modesto, no entanto muito eficiente e conta o apoio do povo colunense, seja no envolvimento direto da publicação, na leitura ou na divulgação do material. Um desses colunenses é o Taíde, figura ilustre, popular e solidária, que vem contribuindo com bom humor e cultura com “Causos do Taíde”. Com espaço definitivo no jornal, ele conta histórias de pessoas e lugares daquela região. Publicarei a partir de agora aqui no blog  -imaginando a anuência do Taíde para tal -  os textos divulgados pelo Taíde, como uma forma de estender e contribuir com o resgate da história colunense.


Nos velhos tempos havia uma grande ilusão nos pequenos proprietários de terra; vender tudo mudar-se para cidade e colocar um comércio. Em Paulistas, seu Zé Marques vendeu tudo que tinha, mudou-se para Coluna e como não encontrou outra forma para sua sobrevivência, resolveu colocar uma venda de secos e molhados. Ali, seu Zé vendia de tudo um pouquinho. Como era de costume, todo vendeiro novo, os caloteiros eram os primeiros a chegar. “Seu Zé me vende um quilo de toucinho fiado?” “Pois não meu filho, a casa é nossa!” E assim sucessivamente.
Com o tempo, os “lapecussa” conseguiram levar o seu Zé quase à falência. Com mais de dois quilos de papéis de débitos, o seu Zé começou a tratar mal seus fregueses; chegava um e dizia: - Seu Zé o senhor tem rapadura? Tem NÃO!... Chegava outro, Seu Zé o senhor tem cachaça do seu Getúlio Gonçalves? Tem NÃO!... O senhor tem Martine? Tem NÃO!...E um freguês que vivia bebendo a sua “cãnjibrina”, disse: Seu Zé, o senhor está tratando muito mal a sua freguesia; se o senhor não tem rapadura ofereça açúcar, adoçante zero cal ou açugrim, se não tem a cachaça do seu Getúlio, ofereça o do Firmino de Abreu, se não tem martine, tem um outro vermuth o cinzano por exemplo!... Ah menino, sabe que “ocê” ta certo! E nisto foi chegando uma mocinha; seu Zé o senhor tem papel higiênico? Tem não minha filha, mas tem bombril, tem palha-de-aço, tem lixa grossa e tem jornal, que é só “ocê” “amassá” bem que limpa igual o sabugo de milho!A mocinha olhou no rosto enrugado do seu Zé e pensou consigo: Ah! Se não fosse as barbas brancas e os cabelos desse papa-mel, eu mandaria este filho de uma ronca-e-fuça enfiar estas barbas naquele lugar”


Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 01-Pág.:03-Coluna/MG-Fevereiro 2009

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A despedida


Ela não se despediu dele com o lenço em punho
ou acenando ao vê-lo partir a bordo do transatlântico.
Não sorriu depois do beijo que ele soprou em sua direção
na estação de trens.
Nem lacrimejou após a aeronave levantar vôo
na pista de decolagem.

Não ouve suspiro, nem grito dor.
O silêncio ocupou o ambiente.
Ela apenas fechou os olhos.
Assim se despediu dele para sempre.

Felicidade momentânea


Quantos poemas a compor,
festas para ir,
viagens a fazer,
bocas a beijar.

Quantas manhãs para dormir,
vinhos a beber,
músicas a dançar,
mulheres para despir.

Quantos livros a ler,
ruas para andar.

Quantas orações a fazer,
quadros a pintar.

Quantas chuvas de verão para te banhar.

Vá!
Arrebata-te!
Liberta-te!
Seja feliz!
Depois volte!

Magnetismo


Olhar firme, sorriso aberto
Pulsar forte, te sinto perto
Olhos negros, pela alva
Beijo molhado
Sinto sua alma

Máscara

Faça a barba
(Des) faça a face
Disfarce
Refaça

Enleio

Meu estro sofisma
De bissexto inflamação
Por minha essência dissipa
Preceitos da execução

Absorto ao âmago lexical
Granjeio a moldina literomaníca
Inveterado a natureza constitucional

Tributo, humor, enleio.

Volúpia

Deleite de amantes
Carinhos ardentes

Inicio

Beijo

Comovente desejo

Mãos, pernas, braços
Abraços

Cheiros
Gemidos

Entrego-me
Recebo-te

Anuência

Eu quero falar,

de flores
de amores
da vida
da ferida

da magia
da alegria
da dor
da cor

imaginar a fala
sair da sala
falar do belo
do elo

escrever o que sinto
dizer: eu minto