Sincronia

Eu que chorei,
Ao ver o sol se pôr
A maré subir
A lua minguar
E ver você ir

Sorri,
Quando o sol nasceu
A maré baixou
A lua cresceu
E você voltou

Sobre coisas, lembranças e infância

atividade-fisica-infancia


De repente começo a recordar de coisas, das coisas, e quando percebo, já fui tomado pelas lembranças. As imagens chegam soltas, aleatórias. É como um álbum de fotografias aberto em qualquer página. Daí eu avanço, ou volto, permaneço por mais tempo em alguma foto, ou passo rapidamente por outras.

Pronto!
Está ai, uma boa lembrança. Álbum de fotografias! Objeto em desuso, em tempo de máquina fotográfica digital. Hoje em vez de foliar um encadernado de retratos sobre o colo, acompanhamos sincronicamente a exibição de imagens frente à tela do computador.

Computador é algo que me faz ter outras lembranças. Penso em computador, passo pela impressora e chego ao mimeógrafo. É como se eu viajasse no tempo. Posso sentir o cheiro de álcool, na folha ainda umedecida que a professora do ensino primário entregava. Não sei dizer se lição, prova ou qualquer outra atividade, mas posso sentir o aroma passear por entre o septo e os sentidos.

Cheiro de livro novo é outro que me faz lembrar escola. Cheiro tem esse poder transcendente de nos transportar mentalmente para tempos e talvez até mesmo espaços esquecidos. Cheiro de mato é outra coisa que me espanta e encanta. Basta sentir aquele perfume de terra misturado a orvalho, para como magia reconhecer e percorrer cenários que não mais existem, a não ser em minhas lembranças.

E por fim me dou conta de que todas essas lembranças se remetem a infância. Evidente que não poderia esquecer de citar a mais saborosa das lembranças. A infância. Época mágica, de sonhos, pura e protegida pelo amor materno.

Imagem: http://goo.gl/jCHx0

Antípoda


As vezes me perco por lá
Não reconheço mais as ruas e estradas
Já não sinto os pés descalços marcar a lama.

Tenho hoje o horizonte cinza
e o asfalto quente que queima a alma.
A serra daqui é maior que a de lá!

De lá, ficaram lembranças
De cá, tenho o agora.

Lá ficou a infância
deitada no banco da cozinha
na casa de minha avó
com os causos que ela contava

Aqui,
a história que ela não contou

Eu e a esfinge

De que importa decifrar o enigma?
De que vale resolver o tal quebra-cabeça?

A esfinge mantém-se firme
Ela nunca se atirou do precipício
Muito menos se estrangulou

Quanto a mim,
Seja manhã, meio-dia, tarde
Quatro, dois, ou três pés
Devoro-me, a cada dia