Foi lá pelas bandas do Bom Sucesso quando uma crise violenta nos finais do governo Artur Bernardes e início do de Washington Luiz que nasceu Maria, para mais tarde ser registrada por seu Lopes escrivão, Maria Leandro Pinto. Maria foi criada ali na roça desde novinha, enfrentando a dura lida naquele tempo de sol a sol. Não teve oportunidades de frequentar escolas, pois era tudo muito difícil, mas seus pais a educaram na fé, na esperança e no amor. Como sempre as zeladoras da igreja, Tereza Quintino, Geralda Tatão, Mariinha e outras sempre entravam em turbilhões com o Padre Sady. Dona Petrina do Juca Lemes arranjou a Maria Leandro para assessorar o padre. Com pouco tempo, passaram a chamá-la Maria do Padre. Chega alguém: "Padre, a Maria do Padre está ai? Aqui não tem nenhuma Maria do Padre não meu caro, tem Maria Leandro!
Certa ocasião, uma cascavel picou a Maria numa moita de banana prata, ela matou a cobra e na ponta do pau a levou para o Padre Sady: "Este bicho me mordeu padre". "Ah Dona Maria, vamos ao hospital". Ao chegar com a cascavel na ponta do pau o Dr. Saint Clair disse: "É isso mesmo que se faz padre! O senhor mata a cobra e mostra o pau!" E o Padre Sady: "Ah! Meu caro, o certo é mostrar a cobra!
É Maria Leandro, a Maria das Chaves, Maria dos Sinos, Maria das campanhistas, Maria das Flores, Maria do fuso fiadora de linhas do nosso algodão. Dia 20 próximo passado, ela completou seus 81 anos. A comunidade mais ligada a ela almejou homenageá-la com uma festinha que coma presença de alguns parentes, compadres, afilhados e nós seus amigos festejamos por demais a felicidade da Maria. Não faltou violão, viola, vozes e o tradicional parabéns: "parabéns a você... o soprar da velinha..., com quem será que a Maria vai casar..., vai depender se..., vai querer..., "ele" aceitou, mas perguntou se a Maria aposentou?
Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 03 - Pág.:04-Coluna/MG - Abril de 2009