Ano passado?



O Ano Passado

O ano passado não passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.

As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.
Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.




E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado.
Carlos Drummond de Andrade 

Sons Tribais




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Ensaio

Ansiava compor um soneto.
Forma fixa, pequeno poema.
Duas quadras, dois tercetos
produzidos em determinado tema

Consultei os principais sonetistas.
Estudei com afinco, alexandrimos e clássico.
Por vez fiquei muito otimista
mesmo em infração ao verso decassilábico.

Engajei-me em tarefa difícil,
a expressão do sentimento lírico.
Há de valer todo sacrifício.

Tal impertinente fantasia
envolvida em ambiente quase místico
em busca da completa poesia.

Poesia ao dois do onze

Ela não se despediu dele com o lenço em punho
ou acenando ao vê-lo partir a bordo do transatlântico.
Não sorriu depois do beijo que ele soprou em sua direção
na estação de trens.
Nem lacrimejou após a aeronave levantar vôo
na pista de decolagem.

Não ouve suspiro, nem grito dor.
O silêncio ocupou o ambiente.
Ela apenas fechou os olhos.
Assim se despediu dele para sempre.

Eu e o poeta

Afinei o violão
Com medo da harmonia
Os verbos conjuguei
Mas nada de poesia
Aflito e sem rima
Invoquei o poeta

O pintor das palavras falou,
que a rima não é solução
E com jeito de anjo torto
ele ainda sussurrou:
Você também é canhoto




Biza e o Ipê-amarelo


A manhã fria de julho já ocupara o lugar da noite, que fora longa e também fria, quando aquela mulher -vou chamá-la de Biza- que dormia na calçada acordou.

Devagar ela se desfez das folhas de jornal que cobriam-lhe o corpo fingindo proteger-lhe a pele, se contorceu sobre o colchão de papelão formado pelos restos de uma caixa de TV e esfregou os olhos como quem é despertado com o abrir inconveniente de uma cortina.

Imóvel e apresentando certa indisposição para começar mais um dia incerto, ela observou as pessoas indo e vindo, a padaria movimentada, o vai e vem dos pedestres e os automóveis barulhentos pela avenida da grande cidade.

Então, como se tivesse o tempo a seu favor, Biza levantou-se lentamente, recolheu seus pertences – uma colher de metal, algumas peças velhas de roupa e um copo plástico tipo descartável – e acomodou-os com cuidado em uma sacola de supermercado achada ao lado de um Ipê-amarelo. Após esses movimentos que pareciam ser tão rotineiros, sentou-se debaixo dessa árvore, que assim como Biza, insistia e resistia aos maus tratos da cidade.

Não demorou muito e ela começou a cochichar ao lado do Ipê. O monólogo era difícil de entender, pois falava baixinho e fazia alguns gestos repetitivos sem muito sentido. Tomado pela curiosidade tentei decifrar o que Biza dizia ao Ipê. Minha investida foi em vão, não consegui identificar o que era dito. Talvez falasse sobre suas histórias; amores, verdades, desilusões. Talvez falasse das flores amarelas que caiam. Talvez contasse o sonho que tivera durante a noite. Talvez fizesse uma prece.

Imagem: ipe-mareloavare http://goo.gl/2nMmG

Em tempo de face

Eu adicionei
Tu aceitaste
Ele solicitou
Nós compartilhamos
Vós comentastes
Eles sabem tudo de nós











Imagem: facebook-logo http://goo.gl/RP90M

A Mãe que ama

Às vezes, quando te ajeito
O cabelo,
Observo se está mais gordo
Mais velho.
E quero te dar um colo,
Um copo de leite,
Um conselho
Que se aproveite.

Para que fiques fora
Do alcance das balas
Nesse campo
De batalhas

Mônica de Catella. A Mulher que Ama. 1997

Sincronia

Eu que chorei,
Ao ver o sol se pôr
A maré subir
A lua minguar
E ver você ir

Sorri,
Quando o sol nasceu
A maré baixou
A lua cresceu
E você voltou

Sobre coisas, lembranças e infância

atividade-fisica-infancia


De repente começo a recordar de coisas, das coisas, e quando percebo, já fui tomado pelas lembranças. As imagens chegam soltas, aleatórias. É como um álbum de fotografias aberto em qualquer página. Daí eu avanço, ou volto, permaneço por mais tempo em alguma foto, ou passo rapidamente por outras.

Pronto!
Está ai, uma boa lembrança. Álbum de fotografias! Objeto em desuso, em tempo de máquina fotográfica digital. Hoje em vez de foliar um encadernado de retratos sobre o colo, acompanhamos sincronicamente a exibição de imagens frente à tela do computador.

Computador é algo que me faz ter outras lembranças. Penso em computador, passo pela impressora e chego ao mimeógrafo. É como se eu viajasse no tempo. Posso sentir o cheiro de álcool, na folha ainda umedecida que a professora do ensino primário entregava. Não sei dizer se lição, prova ou qualquer outra atividade, mas posso sentir o aroma passear por entre o septo e os sentidos.

Cheiro de livro novo é outro que me faz lembrar escola. Cheiro tem esse poder transcendente de nos transportar mentalmente para tempos e talvez até mesmo espaços esquecidos. Cheiro de mato é outra coisa que me espanta e encanta. Basta sentir aquele perfume de terra misturado a orvalho, para como magia reconhecer e percorrer cenários que não mais existem, a não ser em minhas lembranças.

E por fim me dou conta de que todas essas lembranças se remetem a infância. Evidente que não poderia esquecer de citar a mais saborosa das lembranças. A infância. Época mágica, de sonhos, pura e protegida pelo amor materno.

Imagem: http://goo.gl/jCHx0

Antípoda


As vezes me perco por lá
Não reconheço mais as ruas e estradas
Já não sinto os pés descalços marcar a lama.

Tenho hoje o horizonte cinza
e o asfalto quente que queima a alma.
A serra daqui é maior que a de lá!

De lá, ficaram lembranças
De cá, tenho o agora.

Lá ficou a infância
deitada no banco da cozinha
na casa de minha avó
com os causos que ela contava

Aqui,
a história que ela não contou

Eu e a esfinge

De que importa decifrar o enigma?
De que vale resolver o tal quebra-cabeça?

A esfinge mantém-se firme
Ela nunca se atirou do precipício
Muito menos se estrangulou

Quanto a mim,
Seja manhã, meio-dia, tarde
Quatro, dois, ou três pés
Devoro-me, a cada dia

Quisera

A crônica que chegou
Decidiu ser conto
Ao flertar com poesia

O quadro roubou a cena
Pintou uma rima
Ao som de uma canção

Quisera eu trocar
Todos esses caracteres
Que pensam ser rabiscos
Por crônica ou conto
Verso, pintura ou melodia

No sinal

No sinal vermelho
Parado, pensei em crônica
Haikai no amarelo














Ritual, decisão e desencontro

Todos os dias ele seguia sempre o mesmo ritual. Acordava disposto, se vestia, calçava seu tênis velho, porém confortável, e seguia para sua caminhada matinal.

Extremamente disciplinado mantinha sempre a mesma rotina. O mesmo horário, sempre tudo muito cronometrado. Pelo portão de serviço do prédio chegava à rua, e logo em seguida alcançava a praça do bairro onde caminhava há alguns anos.

Hoje foi diferente. Acordou, seguiu o roteiro de todos os dias até chegar ao portão, e pensativo decidiu fazer outro percurso. “__Todos os dias caminho pela mesma praça, já faz um bom tempo que vejo a mesma paisagem, as mesmas pessoas, o que é pior, sempre caminho em círculos, sempre encontrando as mesmas caras sem graça volta pós volta”.

Assim, nosso amigo, determinado a mudar o trajeto decidiu percorrer por outros destinos. Outros ares, outros olhares. Prosseguiu, virou as costas para a praça, e rumou em busca da avenida principal, onde poderia então cumprir sua meta de andar em linha reta em vez de círculos.

Passara cerca de trinta minutos quando Ele, distraído e contemplando o novo cenário cruzou com uma jovem que também caminhava naquela pista. Ela tinha olhos negros e grandes, os cabelos também negros, lisos, longos e amarrados evidenciavam ainda mais sua sensualidade. As curvas de seu corpo davam ao caminhar uma leveza que parecia fazê-la flutuar, apesar de andar a passos firmes e no pique que caminhada exigia.

Por instantes que pareceram intermináveis, Ele e Ela trocaram olhares. Flertaram. Ambos seguiram em frente. Continuaram a caminhada. Em linha reta em vez de círculos.












Os causos do “Taíde”: Pedralvo Chaves

A experiência milenar diz: "Rir é o melhor remédio". E também: "Feliz quem faz alguém feliz". Como é bom conviver com seres humanos que só amenizam o nosso viver.

Lá pelas bandas do Córrego do Figueira viveu Pedralvo Lopes Chaves ou simplesmente Pedralvo. Sorridente, espanéfico, hiper comunicativo e porque não dizer apreciava demais um rabo de saia. Em uma certa ocasião o Pedralvo foi a São João Evangelista juntamente com Álvaro Pereira, Zé Ruivo e seu Raimundo Barroso, como sempre esse quarteto não deixava de ir à região alegre da cidade, a zona boêmia.

Chegaram, belas meninas, música ao vivo, mancebos elegantes e Pedralvo loco enamorou-se de uma cachôpa; morena, pele sedosa, cabelos encaracolados, lábios cor de mel. Olhos nos olhos, já de mãos dadas, quando já se preparavam para uma romance mais íntimo, seus colegas o alertaram: Pedralvo, daqui na Coluna é longe, as estradas estão péssimas e o tempo duvidoso, seja rápido. A mocinha disse: perai! Ocê é o Pedralvo? Sim. Quantos Pedralvos tem em Coluna? Só eu. Sua esposa chama-se dona Negrinha? É. Então você é meu padrinho de Batismo. Ocê é filha de quem menina? Sou filha de fulano de tal que mora no São Pedro Itimirim, depois do Zeca Gonçalves perto da Emilistrina do João Pereira! Menina, menina, ocê é minha afilhada, deixa eu cair fora antes de fazer mais besteira. Até a volta.

A menina pegou a mão do Pedralvo bejou-a e disse: bença, meu padrinho, dê lembranças a minha madrinha!

Ele chamou os colegas, vamos turma, por nada que eu faço mais uma cachorrada. Se for me confessar com o Padre Sady e contar esse episódio, ele irá mandar eu rezar 300 pai nosso e 300 ave marias. Discunjuro!

Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 05 - Pág.:04-Coluna/MG - Junho de 2009

Os causos do “Taíde”: João Amaro e dona Benedita

De todos os causos até agora, só falamos de mono ou bi personagens, mas seria muita falha, faltar a polipersonalização de nossos causos, nossas crônicas pitorescas. 
Viveram na Grota dos Cardosos, João Amaro e dona Benedita. Ele gritador de leilões de primeira classe, lavrador dos bons, ela cujo nome já diz tudo, Benedita, talvez fosse hoje poderíamos cognomina-la "Benedita da Silva", pelo seu carisma, ideal e bela arte de conviver.
João Amaro e dona Benedita moravam entre seu Quinquim Amador e Flor de Almeida numa casa de pau a pique coberta por taquaras, nas paredes, onde o Anatório e Natalina pintavam garatujas quem encantavam a toda a gente. Zezé Amador havia sido seminarista e desistindo voltou para fazenda trazendo consigo duas batinas pretas as quais eram usadas pelos padres com um gorro na cabeça. 
Geralda Amador e Maria de Quintina mas tarde Maria de Sebastião Chaves, sabendo da fé, do entusiasmo e dos cuidados de dona Benedita e de Natalina, combinaram em fazer uma brincadeira com as devotas pretinhas. 
Vestiram-se de Padre e irmã de caridade, mandaram o Zé Caranguejo na frente para avisar: "Dona Binidita, chegou no seu Quinquim um padre e uma irmã e tão vindo visita a sinhora". As duas quase se enlouqueceram: corre daqui, varre dali, tira picumá, limpa a fumaça dos quadros, e foi aquele bá-fá-fá danado.
Quando olharam, já vinham o padre e a irmã de caridade. Geralda Amador o padre e Maria de Quintina irmã. Cabeças baixas, disfarçando tudo, segurando para não rir. Quando chegaram à porta, dona Benedita de joelhos e mãos postas elevadas aos céus, proclamou em voz alta: "louvado seja nosso Senho Jesus Cristo! Benedito o que vem em nome do Senhor". Seu padre quero fazer com o Senhor uma confissão; eu e o Juão tamo brigados, essa noite nós durmiu separado, seu padre pruque ele pegou um xuxo e me deu uma xuxada que quase me matou, aí eu deixei ele duimi no jirau e eu passei a noite com a Natalina, o Senhor me perdoa padre?! E quando ia beijar as mãos ungidas do padre ao levantar os olhos, com aquele  rosto tímido, deparou-se com a Geralda Amador disparada na risada mais a Maria, que ao receber um abraço caloroso da dona Benedita proferiu: "Só assim minhas filhas que esta pobre preta pode ter a visita de dois reverendos. Mas valeu, arregaça as "batina", sente nos cepo que Anatório e Natalina vão passar cana no "iscassadô" e o cafezinho de garapa vai sê raspe e num vai farta o bolinho de caratinga com secas e mecas. Para aquela família, foi o maior presente dos falsos reverendos.

Os causos do "Taíde" / O Caminho, ano I - Edição 10 - Pág.: 03 - Coluna / MG - Novembro 2009

Os causos do “Taíde”: Geraldo Vaqueiro

"Habitua-se a conviver com a vida, sabendo que seus caminhos são muito mais de espinhos do que de flores" (Comece o dia feliz).
E falando em convivência de vida me lembrei dos nossos vaqueiros, homens destemidos, cheios de disposições, que levantam cedinho e vão para o pasto em busca das acas enquanto os bezerros saudosos berram e almejam a chegada da mamãe que desce do alto com o úbere pesado de leite para a aliviada ordenha.
Tínhamos em Coluna, Geraldo Severino da Silva, conhecido por todos domo Geraldo Vaqueiro. Chapéu de couro acabanado, pé pro mato, andado gingado demonstrando ser de fato um sertanejo sem mistura. Foi vaqueiro de seu Aguiar, Sebastião Freitas, Altivo Tavares, seu Getúlio Gonçalves e por fim, vaqueiro para Antônio Amador na Grota dos Cardosos. com o Geraldo era um vaqueiro simplório, o Antônio Amador ficava ali por perto da coberta para apreciar as suas mancadas (gafes).
Aconteceu uma enorme crise de tudo, devido a um forte veranico de janeiro, fevereiro e parte do mês de março, nada era encontrado: feijão, arroz, toucinho, fubá quase não se via. Toucinho, comprava-se um libra e com ela passava-se uma semana. O arroz deu uma crise no Acre e no estado do Maranhão e arroz nem pensar.

O Geraldo ficava com aquilo na cabeça, só pensava na crise: como é que vou tratar dos meus filhos? Falava sozinho em manhã, sol forte, ele foi ao pasto buscar as vacas e o garrote veio no meio e entraram para a coberta. O preocupado vaqueiro, peou a vaca, buscou o banquinho para tirar o leite mas ao invés de sentar-se debaixo da vaca, sentou-se debaixo do garrote, que ao sentir as mãos no seu dolorido saco, deu um forte pulo, coices e rabanadas.
Antônio Amador que assistia a cena disse: O que é isto Geraldo? Você peia a vaca e vai tirar leite no garrote? Vaca é vaca, garrote é garrote! Que bagunça é essa? "É a crise Tôin, é o preço do arroize, a falta da gordura, a casa vazia e os minino passano farata!".
E o garrote com os testículos doendo, com o rabo do olho mirava o Geraldo, e se os animais falassem, talvez ele diria assim: seu vaqueiro, filho de uma rabo aparado, vai tirar leite na comadre da sua madrinha.

Os Causos do "Taíde" / O Caminho, ano I - Edição 12 - Pág.: 03 - Coluna/MG - Janeiro 2010


Imagem: tirandoleite http://goo.gl/fOjqt

Os causos do “Taíde”: Maria Leandro

Foi lá pelas bandas do Bom Sucesso quando uma crise violenta nos finais do governo Artur Bernardes e início do de Washington Luiz que nasceu Maria, para mais tarde ser registrada por seu Lopes escrivão, Maria Leandro Pinto. Maria foi criada ali na roça desde novinha, enfrentando a dura lida naquele tempo de sol a sol. Não teve oportunidades de frequentar escolas, pois era tudo muito difícil, mas seus pais a educaram na fé, na esperança e no amor. Como sempre as zeladoras da igreja, Tereza Quintino, Geralda Tatão, Mariinha e outras sempre entravam em turbilhões com o Padre Sady. Dona Petrina do Juca Lemes arranjou a Maria Leandro para assessorar o padre. Com pouco tempo, passaram a chamá-la Maria do Padre. Chega alguém: "Padre, a Maria do Padre está ai? Aqui não tem nenhuma Maria do Padre não meu caro, tem Maria Leandro!

Certa ocasião, uma cascavel picou a Maria numa moita de banana prata, ela matou a cobra e na ponta do pau a levou para o Padre Sady: "Este bicho me mordeu padre". "Ah Dona Maria, vamos ao hospital". Ao chegar com a cascavel na ponta do pau o Dr. Saint Clair disse: "É isso mesmo que se faz padre! O senhor mata a cobra e mostra o pau!" E o Padre Sady: "Ah! Meu caro, o certo é mostrar a cobra!

É Maria Leandro, a Maria das Chaves, Maria dos Sinos, Maria das campanhistas, Maria das Flores, Maria do fuso fiadora de linhas do nosso algodão. Dia 20 próximo passado, ela completou seus 81 anos. A comunidade mais ligada a ela almejou homenageá-la com uma festinha que coma presença de alguns parentes, compadres, afilhados e nós seus amigos festejamos por demais a felicidade da Maria. Não faltou violão, viola, vozes e o tradicional parabéns: "parabéns a você... o soprar da velinha..., com quem será que a Maria vai casar..., vai depender se..., vai querer..., "ele" aceitou, mas perguntou se a Maria aposentou?


Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 03 - Pág.:04-Coluna/MG - Abril de 2009

Twitês

É mais ou menos assim,
Rs rs rs rs... sem sorrir
KKKK... sem gargalhar
e ainda tem o rá rá rá rá...













Coisas de Colunense

Se tem uma coisa que Colunense sabe fazer muito bem é se apresentar.
Colunense que é Colunense, não se apresenta com sobrenome ou profissão, mas sim com a “naturalidade” de quem diz: muito prazer meu nome é Fulano e eu sou de Coluna.

É mais ou menos assim que qualquer conterrâneo meu começa um bate papo com alguém que ele não conheça, seja dentro de um ônibus, em uma fila longa, em sala de aula, bares, orla de praia, rua onde mora e por ai vai.

Não é preciso muito tempo para que um Colunense encontre a oportunidade certa de contar alguma história da terrinha, ou ainda, convidar o novo
amigo a se hospedar por uns dias na cidade.

Convite feito é pé na estrada. Seja lá onde estiver ou como ir, e tanto faz se vai ser na virada de ano, carnaval, semana santa, no frio de julho, ou em qualquer outra época e data do ano. Está lá, um Colunense Ausente levando um amigo(a), namorado(a) ou noivo(o) para sentar-se nos bancos da praça, subir a Serra da Coluninha, tomar café nas “cozinhas dos parentes”, e confraternizar - sempre terá uma turminha reunida ao som de boa música e bom bate papo em algum lugar da cidade.

Como se não bastasse, o visitante é muitas vezes surpreendido com algumas iguarias servidas às refeições. Inhame cozido, por exemplo, amassado com leite e adoçado com açúcar ou rapadura, servido no café da manhã, é algo meio esquisito para o visitante, até que ele experimente e se surpreenda com um espontâneo “Unh! Esse troço é bom!”. Tem também a famosa banana verde frita o chá de amendoim, - amendoim torrado batido no liquidificador com leite e açúcar, fervido e servido quente em noites frias - dentre outros pratos, histórias, e situações que nada mais são que Coisas de Colunense.

Em tempo 2

O tempo de agora
É arredio,
Vazio e frio
Não como outrora

O tempo de agora
É Sombrio,
Causa arrepio
Tardia aurora

Ôh! Tempo de agora,
Vai-te embora!

Resgate

O que nos falta na vida?
O que nos falta em nossas noites longas,
madrugadas frias,
manhãs tristes
e tardes nubladas?

Falta-nos pouco!
Simplesmente, muito pouco!
Falta-nos som!
Falta o som emitido por vozes
Hora grave,
vezes aguda,
hora abafada,
outras engasgadas!

Falta-nos ouvir
Bom dia!
Eu te perdoou!
Eu peço desculpas!