Da Escuridão à Luz

Sob véus de ébano a noite se expande,

Alma em tormento, inquieta e em pranto,

Busca no vento sussurros que a guiam,

Na imensidão da treva, um novo canto.


E surge a aurora, serena e radiosa,

Trazendo consigo a luz da esperança,

A alma renascida, em paz e ventura,

Celebra a vida em sua breve dança.

Soneto 139

Mente, meu ser sondais, meu íntimo conheceis,

Do pensar que em mim surge, nada vos escapa,

Onde eu vá, estais presente, me envolveis,

E a minha vida em vossas mãos se chapa.


Antes da palavra em meus lábios se formar,

Já a conheceis, ó Mente de sabedoria,

Criastes-me com amor, me vieste moldar,

E me envolveis em vossa eterna alegria.


Onde irei, Mente, para de ti fugir? 

Se aos céus subo, lá estás em majestade,

Se ao inferno desço, tua mão me há de sentir.


As trevas não te escondem, pois tudo é luz,

Teus olhos penetram a alma em sua profundeza,

Teu amor me guia, me guarda e me conduz,

Em teus braços encontro paz e eterna beleza.


Silente Díptico

No sim do altar, renasce o verso,

Solidão silente ecoa no avesso.

Manto branco, desilusão se espalha,

Promessa oculta, trama que embalsama

Teia do tempo

No último suspiro do ano que se desfaz,

Preparativos para o novo, para o que jaz.

Iniciados

Três caminhos cruzam,

Cinco sentidos despertam, 

Sete espadas manejadas. 

Eu e a esfinge

De que importa decifrar o enigma?
De que vale resolver o tal quebra-cabeça?

A esfinge mantém-se firme
Ela nunca se atirou do precipício
Nem mesmo se estrangulou 

Quanto a mim,
Seja manhã, meio-dia, tarde
Quatro, dois, ou três pés
Devoro-me, a cada dia

 

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