Os causos do “Taíde”: Seu Zé Marques








Tive acesso há pouco às primeiras edições de “O Caminho”, periódico de publicação mensal em Coluna – MG, coordenado pela paróquia. O expediente é modesto, no entanto muito eficiente e conta o apoio do povo colunense, seja no envolvimento direto da publicação, na leitura ou na divulgação do material. Um desses colunenses é o Taíde, figura ilustre, popular e solidária, que vem contribuindo com bom humor e cultura com “Causos do Taíde”. Com espaço definitivo no jornal, ele conta histórias de pessoas e lugares daquela região. Publicarei a partir de agora aqui no blog  -imaginando a anuência do Taíde para tal -  os textos divulgados pelo Taíde, como uma forma de estender e contribuir com o resgate da história colunense.


Nos velhos tempos havia uma grande ilusão nos pequenos proprietários de terra; vender tudo mudar-se para cidade e colocar um comércio. Em Paulistas, seu Zé Marques vendeu tudo que tinha, mudou-se para Coluna e como não encontrou outra forma para sua sobrevivência, resolveu colocar uma venda de secos e molhados. Ali, seu Zé vendia de tudo um pouquinho. Como era de costume, todo vendeiro novo, os caloteiros eram os primeiros a chegar. “Seu Zé me vende um quilo de toucinho fiado?” “Pois não meu filho, a casa é nossa!” E assim sucessivamente.
Com o tempo, os “lapecussa” conseguiram levar o seu Zé quase à falência. Com mais de dois quilos de papéis de débitos, o seu Zé começou a tratar mal seus fregueses; chegava um e dizia: - Seu Zé o senhor tem rapadura? Tem NÃO!... Chegava outro, Seu Zé o senhor tem cachaça do seu Getúlio Gonçalves? Tem NÃO!... O senhor tem Martine? Tem NÃO!...E um freguês que vivia bebendo a sua “cãnjibrina”, disse: Seu Zé, o senhor está tratando muito mal a sua freguesia; se o senhor não tem rapadura ofereça açúcar, adoçante zero cal ou açugrim, se não tem a cachaça do seu Getúlio, ofereça o do Firmino de Abreu, se não tem martine, tem um outro vermuth o cinzano por exemplo!... Ah menino, sabe que “ocê” ta certo! E nisto foi chegando uma mocinha; seu Zé o senhor tem papel higiênico? Tem não minha filha, mas tem bombril, tem palha-de-aço, tem lixa grossa e tem jornal, que é só “ocê” “amassá” bem que limpa igual o sabugo de milho!A mocinha olhou no rosto enrugado do seu Zé e pensou consigo: Ah! Se não fosse as barbas brancas e os cabelos desse papa-mel, eu mandaria este filho de uma ronca-e-fuça enfiar estas barbas naquele lugar”


Os causos de “Taíde” / O Caminho, ano I-Edição 01-Pág.:03-Coluna/MG-Fevereiro 2009

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